Um grupo de cientistas da University of Exeter em Inglaterra (Reino Unido) concluiu que o nosso planeta poderá sentir os primeiros sinais da destruição de um dos subsistemas de circulação de águas oceânicas, a parte atlântica da grande circulação que leva água quente para norte e água fria para sul, com uma antecedência que pode ir até aos 250 anos. Esta circulação tem um papel importante na regulação do clima da Terra.
O novo estudo analisou a parte atlântica do mais abrangente sistema de circulação termoalina, que é também conhecido por “correia transportadora oceânica”, com um modelo de simulação altamente complexo e realista. Conseguiu assim identificar quais os prováveis mecanismos que conduzirão à sua falha a longo prazo. A referida corrente é muito importante para o clima – transportando calor dos trópicos para as águas mais frias do Atlântico Norte e libertando-o para a atmosfera, resultando das diferenças de densidade das camadas daquele oceano causadas pelas variações de salinidade e temperatura. Sem este sistema a temperatura do ar à superfície na zona do Atlântico Norte seria 1 a 3º C inferior, podendo descer até 8º C nas regiões mais afetadas. Tal cenário empurraria para sul o ponto de convergência intertropical – encorajando períodos de seca na região de Sahel (sul do deserto do Sahara) e levando a subidas de até 80 cm dos níveis dinâmicos da água do mar nas costas da Europa e da América do Norte: o nível dinâmico está associado ao desvio do nível do mar do geoide – aquele no qual o oceano seria apenas afetado pela rotação e gravidade da Terra, e não por ventos, marés, e outras forças.
À medida que os glaciares de água doce derretem e fluem para o mar e que a temperatura da região à superfície aumenta – o que parece está a ocorrer atualmente – a densidade das águas do Atlântico Norte vai diminuindo. Este fenómeno produz um efeito de retroalimentação positiva que acelera o processo atrás referido, embora ainda existam muito poucas provas de um colapso iminente. Porém a longo prazo a AMOC poderá passar por um limiar designado como “abrandamento crítico”, que a tornaria instável e levaria à sua paragem em apenas alguns meses. São precisamente os sinais de aviso que precedem tal fenómeno que os cientistas da University of Exeter tentaram identificar.
O grupo britânico levou a cabo simulações com o modelo climático FAMOUS, que prevê o colapso desta circulação dentro de cerca de 800 anos num cenário no qual o ritmo do fluxo de água doce para o sistema é consentâneo com a história recente. A sua análise determinou que os indícios do referido abrandamento crítico começarão a surgir aproximadamente 250 anos antes do colapso: as flutuações naturais na circulação tornar-se-ão cada vez mais longas, e os sinais de aviso serão dependentes da latitude. Um dos autores deste estudo – Tim Lenton – afirmou que “os melhores sinais de alerta no modelo global encontram-se nos locais onde estão a ser levados a cabo esforços consideráveis para monitorizar a circulação no mundo real”, acrescentando que tais esforços podem ter um inesperado valor acrescentado.
Embora o estudo tenha usado uma simulação mais realista do sistema climático do que as pesquisas que o precederam nesta área, os investigadores responsáveis pelo mesmo admitem que ele continua a basear-se em estimativas que podem não ocorrer. A entrada de água doce no sistema, por exemplo, poderá aumentar a um ritmo superior ao assumido na simulação, e a equipa não tem a certeza se neste cenário os sinais de aviso continuariam a aparecer. Apesar disto Lenton e os colegas advogam cuidado e uma monitorização cada vez mais intensiva da circulação com o objetivo de tentar prevenir, ou pelo menos mitigar, a sua eventual destruição.
Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista Nature Communications.
À medida que os glaciares de água doce derretem e fluem para o mar e que a temperatura da região à superfície aumenta – o que parece está a ocorrer atualmente – a densidade das águas do Atlântico Norte vai diminuindo. Este fenómeno produz um efeito de retroalimentação positiva que acelera o processo atrás referido, embora ainda existam muito poucas provas de um colapso iminente. Porém a longo prazo a AMOC poderá passar por um limiar designado como “abrandamento crítico”, que a tornaria instável e levaria à sua paragem em apenas alguns meses. São precisamente os sinais de aviso que precedem tal fenómeno que os cientistas da University of Exeter tentaram identificar.
O grupo britânico levou a cabo simulações com o modelo climático FAMOUS, que prevê o colapso desta circulação dentro de cerca de 800 anos num cenário no qual o ritmo do fluxo de água doce para o sistema é consentâneo com a história recente. A sua análise determinou que os indícios do referido abrandamento crítico começarão a surgir aproximadamente 250 anos antes do colapso: as flutuações naturais na circulação tornar-se-ão cada vez mais longas, e os sinais de aviso serão dependentes da latitude. Um dos autores deste estudo – Tim Lenton – afirmou que “os melhores sinais de alerta no modelo global encontram-se nos locais onde estão a ser levados a cabo esforços consideráveis para monitorizar a circulação no mundo real”, acrescentando que tais esforços podem ter um inesperado valor acrescentado.
Embora o estudo tenha usado uma simulação mais realista do sistema climático do que as pesquisas que o precederam nesta área, os investigadores responsáveis pelo mesmo admitem que ele continua a basear-se em estimativas que podem não ocorrer. A entrada de água doce no sistema, por exemplo, poderá aumentar a um ritmo superior ao assumido na simulação, e a equipa não tem a certeza se neste cenário os sinais de aviso continuariam a aparecer. Apesar disto Lenton e os colegas advogam cuidado e uma monitorização cada vez mais intensiva da circulação com o objetivo de tentar prevenir, ou pelo menos mitigar, a sua eventual destruição.
Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista Nature Communications.