Há 25 anos, caía na Alemanha o Muro de Berlim. Para muitos, o episódio sinalizava o início de uma nova era, de expansão da globalização e diminuição das fronteiras — simbólicas e reais. Um quarto de século após a queda deste ícone da Guerra Fria, ainda persiste, espalhada pelo mundo, uma série de fronteiras muradas construídas para separar povos.
1) CISJORDÂNIA-ISRAEL
O Muro da Cisjordânia — ou “Muro da Vergonha”, como é chamado pelos críticos da ocupação israelense — começou a ser construído em 2002, período da Segunda Intifada, e separa Israel do território palestino da Cisjordânia. Na época, foi dito que o intuito era impedir a entrada de palestinos para prevenir atos de terrorismo. Os que se opõem à barreira denunciam que o muro é uma ferramenta utilizada por Israel para, além de interditar as negociações de paz por estabelecer unilateralmente novas fronteiras, também anexar gradualmente porções do território palestino, muitas das quais passaram a abrigar assentamentos israelenses. Atualmente, a parede de concreto, ferro e arame farpado tem cerca de 440 quilômetros de extensão — se a construção da barreira for finalizada, cercando todo o território da Cisjordânia, o muro se estenderá para aproximadamente 700 quilômetros.
2) ESPANHA-MARROCOS: MUROS DE CEUTA E MELILLA
Ceuta e Melilla são o enclave espanhol na África e representam o
resquício do colonialismo europeu no continente africano. Sob o domínio
espanhol, as duas cidades fazem divisa com o Marrocos e estão muito
próximas do Estreito de Gibraltar, pequeno intervalo oceânico que separa
os dois continentes. Até os anos 1990, a divisão entre os territórios
espanhol e marroquino era pouco perceptível, e o trânsito de pessoas de
um local para o outro era comum. Com a institucionalização da União
Europeia e a política de livre-circulação dos cidadãos europeus, a
Espanha foi incentivada a apertar o cerco em suas zonas fronteiriças.
Assim, foram erguidos os muros, que chegam, juntos, a 20 quilômetros de
extensão, com o objetivo de impedir a imigração de africanos para a
Europa.
3) EUA-MÉXICO
O muro construído pelos Estados Unidos na fronteira com o México é o
símbolo da política anti-imigração norte-americana. Num esforço contra
os chamados “coiotes”, responsáveis por atravessar clandestinamente
pessoas pela fronteira, Washington começou estabeler barreiras físicas
entre as cidades de El Paso e Ciudad Juárez, e também entre San Diego e
Tijuana. Com os ataques de 11 de Setembro de 2001, os EUA apertaram
ainda mais o cerco, temendo que terroristas pudessem entrar em
território norte-americano via México.
4) GRÉCIA-TURQUIA: MURO DE EVROS
A fronteira entre a Turquia e a Grécia era tida pela UE como a “porta
dos fundos” para a entrada de imigrantes na Europa. Por esse motivo, a
Grécia, o país europeu mais afetado pela crise econômica de 2008 e alvo
de severas medidas de austeridade, resolveu investir € 3,2 milhões (R$
10,15 milhões) para erguer em 2012 um muro de mais de 10 quilômetros de
extensão ao longo de um trecho da margem do rio Evros, fronteira natural
que separa a o território europeu dos vizinhos turcos.
5) COREIA DO NORTE-COREIA DO SUL
Percorrida ao longo do Paralelo 38, a faixa de terra que divide a
península coreana em dois países tem 250 quilômetros de comprimento.
Após o armistício que interrompeu sem pôr fim formal à guerra entre os
dois lados — símbolo do embate entre as duas superpotências durante a
Guerra Fria: o norte comunista, e o sul capitalista —, a porção de
território foi transformada em uma zona desmilitarizada. Ou seja, uma
faixa “neutra” onde militares das duas Coreias podem transitar, mas sem
cruzar a linha que demarca o território de cada um dos países.